Saúde é um tema delicado. Sabemos da realidade de nossoa leitos de UTIs. Da quantidade de pessoas que esperam por um atendimento, da falta de medicamentos e das condições precárias que muitas vezes é preciso se submeter para concluir um tratamento. Mesmo com a realidade dura, há quem acredite que possamos mudar o jogo. Dr. Weiber Xavier aponta excelentes profissionais no Estado e nos novos ventos que podem soprar a favor da saúde.
Médico formado pela UFC desde 1989, Dr. Weiber Xavier tem pós-graduação em Medicina Interna pela Harvard Medical School e também leciona em universidade. Com experiência em clínica médica (Medicina de Emergência). Dr. Weiber lida com os mais variados casos que chegam às UTIs e, em entrevista para O POVO, explicou como se dá o grau de prioridade nestes casos e também trouxe o seu olhar sobre a atual situação da saúde pública no Estado.
O POVO — A crise afetou a saúde? Causando quais impactos?
Dr. Weiber - A crise afetou a saúde, sem dúvida, tanto em termos de queda de recursos, que já eram precários, como nos medicamentos e também na queda de profissionais. Há um grave problema no saneamento e também uma grande dificuldade de se encontrar um leito de UTI. Os corredores, as emergências, as dificuldades que a população tem em agendar uma consulta e por aí vai, são alguns dos reflexos. Eu acredito bastante na nova administração da saúde, que tem à frente o Dr. Cabeto, um profissional competente e envolvido nas questões de melhorias. Mas mesmo com isso, entendemos que estamos numa situação muito precária em termos de assistência, tanto em rapidez, tanto em acesso como também em custo.
OP — Como o senhor analisa a saúde pública atualmente no Ceará?
Dr. Weiber - Há um desafio muito grande, tanto na área de vacinação e medidas de prevenção, como também a nível terciário que se baseia na dificuldade das UTIs públicas. Também devo mencionar a falta de recursos humanos e também de medicamentos, sem contar a estrutura física. Acredito ser um grande desafio e todos nós devemos contribuir com isso. Naturalmente esperamos que com o empenho que estamos observando da secretaria de saúde, e a nova administração, possamos organizar essas ações. No dia a dia, é multo dificil para uma pessoa comum ser atendida no posto de saúde, como também é difícil algumas conseguirem um atendimento para um procedimento mais sofisticado como cateterismo cardíaco ou infarto, por exemplo.
OP — Quais são os papéis da população na promoção da saúde?
Dr. Weiber - Todos nós, como cidadãos, precisamos realmente cooperar. Desde a questão do lixo. a vacinação e a questão de permitir que a vigilância entre em casa e controle, por exemplo, os focos de mosquito. O cidadão precisa estar atento à qualidade de vida, melhorar sua alimentação, dar importância ao exercício fisico e não achar que somente o remédio irá resolver o problema, além de exercer sempre a cidadania. A partir desse momento que exercemos a cidadania, nós podemos cobrar dos gestores um empenho para resolver os problemas. E assim, descentralizar um pouco a questão do hospital e da doença. Talvez a medida mais adequada seja a promoção da saúde como um todo, e a saúde envolve um bem estar fisico, mental e psicossocial. Não é só receita e remédio, naturalmente.
Weiber Xavier